São Luíz, 14 de janeiro de 2014
Olá doutora Karla Mello,
A senhora sabe que não sou muito bom com as letras e por isso qualquer erro, me perdoe, entenda nasci para o crime não para escrever carta, mas vamos ao assunto.
Depois do que eu e alguns companheiros fizemos, uma "faxina" aqui no Presídio, fui enviado a senhora para ser consultado, segundo me informaram era porque sou muito violento chegando a ser comprado com um psicopata, a senhora muito atenciosa tentou me explicar que o uso da violência não era correto e o assassinato não deveria ser cometido por ninguém, tentou me convencer que aqueles "vagabundos" não mereciam morrer e que mesmo eles deveriam ter segunda chance, mesmo eles sendo estupradores, assassinos de crianças (um tinha jogado seu filho de dois anos pela janela) e um tinha matado a mãe. Já expliquei a senhora como é a lei do presídio, criança mulher e mãe ninguém mexe pois se cair aqui, aí já era!
Voltemos ao nosso assunto, por mais que não me convenci que aqueles vagabundos deveriam ter chance, (afinal não sou Jesus para perdoar estuprador), mas quase que me convencia do que a senhora tinha dito, todavia essa semana vi a senhora dando uma entrevista a tv dizendo que é favorável ao aborto e além do mais disseram por aqui que já até fez um aborto, defende ainda que isso é um direito da mulher.
Doutora Karla Mello, sou pai de três meninos que amo muito (até bandido ama doutora), fora os que fiz por esse mundão, seria incapaz de fazer qualquer mal contra eles, outra coisa já matei muita gente, mas nunca uma criança, isso é contra a lei da bandidagem, mas a senhora é a favor do aborte e ainda diz que é direito da mulher? Me diga algo quem teve mais chance de provar da vida, minhas vítimas ou a sua?
Uma criança indefesa, não tem direito nem de pedir socorro, nunca respirou sem ajuda da mãe, nunca brincou de bola na rua. Cara doutora, a senhora é igual a mim, uma assassina! Enquanto eu sou um agente da morte para "apagar" vagabundo, a senhora por outro lado é agente da mesma morte mas com uma tarefa que nem eu teria coragem, matar crianças indefesas no ventre da mãe, além do mais, do seu ventre.
Sinceramente, não gostei quando fui enviado para senhora por ser um possível "psicopata", mas aprendi algo, que as pessoas que sofrem com esse problema, além de serem perigosos, também sempre acham que estão certas e que culpam os outros pelos seus crimes, vendo por esse lado talvez eu seja um pouco psicopata, mas sinceramente doutora; a senhora também é, bem vindo ao clube. Uma mulher que mata um feto (assisti um vídio de como é feito um aborto, a senhora já viu? É terrível!), que sai na rua com a cara cínica defendendo a prática e ainda diz: É direito da mulher! É sem dúvida uma de nós.
É doutora se sou psicopata, isso não sei, mas se sua justificativa vale para o aborto, a minha também vale para os vagabundos que matei, exijo urgentemente minha liberdade, afinal só matei vagabundo, e ainda dei chance deles serem crianças, de conhecerem o mundo, de amar, fazer sexo... E a senhora só mata criança, assim sou melhor que você. Exijo minha liberdade (risos).
Espero que fique bem claro, pois se existe psicopata entre nós dois, então é a senhora "doutora".
Um forte abraço de seu cliente e parceiro (de assassinatos),
O Russo.
Créditos da foto HBO, extraída da série Oz .